Quais são os desafios do ensino e aprendizagem dos estudantes com deficiência visual?
Os desafios referem-se a:
Estrutura Física
Aquisição do Conhecimento
Formação de Professores
Apresenta-se desafios de ensino e aprendizagem na Química
Estrutura Física
A estrutura física das instituições de ensino apresenta-se como a primeira barreira, pois dificultam o acesso do estudante ao local de ensino. Sonza et al. (2013) relatam que, os espaços escolares sejam construídos considerando a possibilidade de utilização por todos os alunos. Nesse contexto, levando em conta as normas que estabelecem os critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando do projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário e espaços urbanos.
Compõe a acessibilidade física para deficientes visuais, segundo Sonza et al. (2013):
Composição de sinalização tátil de alerta e direcional.

Hall de entrada da instituição de ensino acesso para a escola deve ser amplo e, preferencialmente, estar localizado na via de menor tráfego de veículos. Sinalizado com sinalização tátil. Também deve estar sinalizada, mas agora com placas indicativas, a direção das diferentes rotas de acesso às áreas administrativas, de prática esportiva, de recreação, de alimentação, salas de aula, laboratórios, bibliotecas e demais ambientes.
Rampas e escadas, devem ter piso tátil de alerta com largura entre 25cm e 60cm, localizado até 32cm antes do início e após o término da rampa.
Corrimãos e guarda-corpos
Salas de aula, deve existir pelo menos uma rota acessível para o deslocamento dos alunos às salas de aula. As portas das salas devem ser numeradas utilizando uma sinalização tátil, identificando o número e/ou nome da sala em braille ou utilizando desenhos em alto-relevo. Esta informação visual deve ficar na altura de 1,50m do piso acabado, na parede ou batente ao lado da maçaneta. Os cartazes ou imagens expostas em murais também devem ser descritos em braille.
Bibliotecas, segundo a ABNT NBR 9050/2004, recomenda-se que as bibliotecas possuam publicações em braile e outros recursos audiovisuais, sendo 5% do total de terminais de consulta por meio de computadores coma cesso a internet devem ser acessíveis. Recomenda-se também, a instalação de softwares de acessibilidade(programas de fala e leitores de tela).
Sanitários e vestiários em conjunto com a simbologia para sanitários masculinos e femininos, é necessário o uso da sinalização tátil (braile e texto relevo). No caso das portas do sanitários acessíveis esse tipo de sinalização deve ficar ao lado da maçaneta, a uma altura entre 0,90m e 1,10m.

Referência
SONZA, Andréa Poletto et al (Org.). Acessibilidade e tecnologia assistiva: pensando
a inclusão sociodigital de PNEs.. Bento Gonçalves: Secretaria de Educação
Profissional e Tecnológica, 2013. 352 p. (Série Novos Autores da Educação
Profissional e Tecnológica).
Aquisição do Conhecimento
Para o deficiente visual, o corpo, linguagem/ cultura e a afetividade assumem o papel de mediadores no processo de aquisição de conhecimento, no qual a experiência perceptiva não ocorre isolado do contexto social (ALVEZ e DUARTE, 2008). Dessa forma, os principais canais sensoriais atuantes nesse processo são o tato, a audição sendo capaz de concretizar a existência dos objetos e dos outros.
O treinamento tátil é uma operação neuro cognitiva, e a consequente aprendizagem decorrente deste treinamento ocorre numa sequência, envolvendo as memórias de curto, médio e longo prazo. O reconhecimento tátil, sendo um processo analítico, necessita de constante estimulação e mecanismos de feedback (oral/verbalização, auditivo e outros) para se consolidar na memória de longo prazo (VIVEROS e CAMARGO, 2011)
A presença de atrasos em determinados aspectos no desenvolvimento de pessoas com deficiência visual, segundo Craft (1990), não se devem a alterações físicas e psicológicas da deficiência em si, mas à redução do número e na qualidade das informações que o deficiente visual recebe do meio e dos outros, resultando em diminuição das experiências por ela vivenciada.
Portanto, um dos motivos responsáveis pelo atraso no desenvolvimento da criança com deficiência visual diz respeito às condições e interações familiares, não estando necessariamente relacionado ao limite imposto pela ausência visual. A participação materna como sendo relevante para a obtenção de resultados satisfatórios nas diversas áreas do desenvolvimento, especialmente nas áreas relacionadas aos aspectos cognitivos, linguísticos e sociais, conforme visto no decorrer deste estudo (MARCHI e SILVA, 2016).
Referências
ALVES, M. L. T.; DUARTE, E. Imagem corporal e deficiência visual: um estudo bibliográfico das relações entre a cegueira e o desenvolvimento da imagem corporal. Acta Sci. Human Soc. Sci. Maringá, v. 30, n. 2, p. 147-154, 2008.
MARCHI, M. I.; SILVA, T. N.C. Formação continuada de professores: buscando melhorar e facilitar o ensino para deficientes visuais por meio de tecnologias assistivas. Revista Educação Especial. Rio Grande do Sul, v. 29, n. 55, p. 457-470, 2016
SONZA, Andréa Poletto et al (Org.). Acessibilidade e tecnologia assistiva: pensando a inclusão sociodigital de PNEs.. Bento Gonçalves: Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, 2013. 352 p. (Série Novos Autores da Educação Profissional e Tecnológica).
VIVEROS, E.R.; CAMARGO, E.P. Deficiência visual e educação científica: orientações didáticas com um aporte na neurociência cognitiva e teoria dos campos conceituais. Revista Gôndola, v. 6, n. 2, p. 25 - 50, dez. 2011.

Formação de Professores
Falcão et. al (2017) relata em sua pesquisa que, os docentes foram unânimes em afirmar sentimento de insegurança ao trabalhar com deficientes, principalmente os visuais, pois na formação acadêmica não foram capacitados para lidar com a diversidade e isso gera intenso sofrimento, pois ensinar alunos com limitações principalmente visuais exige conhecimento, competência e habilidade, pois reconhecem que inclusão não é simplesmente matricular, mas proporcionar ao deficiente condição necessária ao seu desenvolvimento educacional, emocional e social.
Logo, Falcão et. al (2017) informa a necessidade de se propor novas práticas de ensino que possam acarretar mudanças positivas na vida dos deficientes visuais, como a reformulação dos cursos de licenciatura, pois a formação de professores para a educação especial tem sido considerada ponto crucial para dar sustentabilidade ao discurso da inclusão, pois ela caminha em passos lentos, mas já é considerada uma realidade em nosso país.
De acordo com Glat e Pletsch (2012) entre os desafios se encontra principalmente a falta de capacitação e impossibilidade de um trabalho mais individualizado devido ao grande número de alunos por turmas, mas, além dos investimentos em capacitação, se faz necessário pensar sobre a prática, estabelecer estratégias de reflexão e ação no próprio ambiente escolar. O autor apresenta como uma possibilidade de superar esse obstáculo a criação dos projetos político-pedagógicos considerando suas dificuldades e criar espaços para a discussão delas, de forma a articular teoria e prática.
Referências
FALCÃO, Rita Dácio; SILVA, Iatiçara Oliveira da; SABINO, Artemizia Rodrigues; BARBOSA, Jucilene Vieira; MARINHO, KaremKeyth de Oliveira; CRUZ, Francilene dos Santos da. Dificuldades e Desafios de Estudantes com Deficiência Visual a ser Incluído nas Escolas Públicas de Ensino Regular na Cidade de Tabatinga - Amazonas / Estudo de Caso. Disponível em: https://www.sbpcnet.org.br/livro/64ra/resumos/resumos/2338.htm Acesso em 19 de out. 2017.
GLAT, R.; PLETESCH, M. D. Inclusão escolar de alunos com necessidades especiais. 2º ed. Rio de Janeiro, EdUERJ, 2012.
Desafios no Ensino e Aprendizagem de Química
#Muitos livros didáticos ainda utilizam
critérios como reversível e irreversível ou mudanças macroscópicas no sistema
para classificar e diferenciar transformações químicas e físicas (FERNANDES, 2014).
#Mortimer e Miranda (1995) descrevem que muitas vezes há confusão entre mudança de estado físico e transformação química, bem como obstáculos para reconhecer a reação como interação entre as substâncias. Os mesmos autores mostram que os docentes algumas vezes dão ênfase nas representações em detrimento dos fenômenos (FERNANDES, 2014).
#Filho
e Celestino (2010) apontam para a confusão entre os termos mistura e reação,
diluir e dissolver, dificuldade em diferenciar transformações química e física (FERNANDES, 2014).
#Justi e Ruas (1997) evidenciam que para os estudantes no "mundo atômico" as partículas mudam de forma, tamanho e cor, exatamente como acontece com as substâncias (FERNANDES, 2014).
#Chagas
(2007) observou que os alunos fazem uma leitura estritamente visual do fenômeno,
constituindo o obstáculo da experiência primeira da teoria de Bachelard. Também
constatou a existência do obstáculo substancialista no que diz respeito a
atribuir qualidades às substâncias, considerando que uma age sobre a outra e
não que há uma relação entre elas (FERNANDES, 2014).
Referências
CHAGAS, J. A. S. das. Obstáculos encontrados no processo de compreensão do conceito de reação química. Dissertação (Mestrado em Educação). UFPE. 2007.
FERNANDES, Tatyane Caruso. Ensino de Química para Deficientes Visuais: A Importância da Experimentação e dos Programas Computacionais para um Ensino Mais Inclusivo. Dissertação (Mestrado) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Programa de Pós-Graduação em Formação Científica, Educacional e Tecnológica. Curitiba, 2014.
FILHO, J.R.F. CELESTINO, R.M.C.S. Investigação da construção do conceito de reação química a partir dos conhecimentos prévios e das interações sociais. Ciências & Cognição, vol. 15 (1), p. 187-198, 2010.
JUSTI,
R. S. & RUAS, R. M. Aprendizagem de Química: reprodução de
pedaços isolados de conhecimento?Química Nova na Escola, n.
5, p. 24-27, maio 1997.
MORTIMER, E. F. MIRANDA, L. C. Transformações: Concepções de estudantes sobre Reações Químicas. Química Nova na Escola, n. 2, p. 23-26, nov.1995.